segunda-feira, 3 de julho de 2017

Crônica: Vaidade

Como sempre o despertador tocou, seis horas da manhã em ponto. Não tive coragem de levantar da cama, estva exausta. No dia anterior tive insônia, o tempo passava e o sono na chegava, foi então que recebi o telefonema de uma amiga, me chamando para ir a balada e aceitei. Voltei às cinco da manhã e fui direto para a cama. Por isso resolvi me dar mais uns dez minutos de sono antes de começar a me arrumar.
Minha rotina matinal é consideravelmente longa. Logo ao acordar vou ao banheiro tomo um banho, escovo os dentes, depois preparo meu café da manhã bem light, para não sair de forma, e finalmente sento à penteadeira. Ali gasto a maior parte do tempo, desde a base até o perfume é aproximadamente uma hora. Quando já estou maquiada, brilhando com meus brincos e pulseiras e perfumada, chamo um táxi e peço para que o porteiro informe quando chegar. Enquanto espero arrumo minha bolsa como tudo o que precisarei durante o dia.
Há pessoas que dizem que é perca de tempo, outras dizem que é até pecado, mas eu digo que é cuidado! Não me incomodo de acordar cedo para me arrumar e ter um tempo só pra mim, afinal, onde está o mal em querer se embelezar? Em cuidar da pele e das unhas? Em meio aos meus pensamentos o interfone toca.
Acordo desesperada. Não sei se você já passou por isso. Eu tinha certeza de que estava me arrumando, mas tudo não passou de um sonho. Vejo a hora e tenho apenas meia hora para estar no trabalho, pois vou fazer uma entrevista e não posso me atrasar.
Como já estou quase atrasada não tenho tempo para muita coisa. Tomo meu café escolhendo minha roupa, e prevendo que hoje o jeito será transporte público, opto por uma calça jeans basicbásica e uma blusinha amarela, nem olho para o scarpin preto, vou direto numa sapatilha. Quando olhei no espelho me assustei, o rímel estava todo borrado. Retirei toda a maquiagem do dia anterior, passei um hidratante e com dois minutos já estava pronta. Não foi difícil para pegar o metrô, difícil foi me espremer la dentro e conseguir sair correndo para o trabalho. Ao chegar, o advogado que iria entrevistar já estava me esperando. Antes de abrir a porta respirei fundo e pude me ver no reflexo da tela do celular, eu está a com o cabelo preso em rabo de cavalo com uns fios soltos, o rosto sem se quer um pó, eu estava nada apresentável!
Entrei na sala e depois dos cumprimentos comecei as perguntas, do roteiro que havia preparado, tudo ocorreu bem. 
Ao fim da entrevista disse que tudo seria pública no dia seguinte, depois que o texto passasse pela aprovação, fiquei esperando que ele saísse. Em vez disso ele ficou me olhando, parecia querer dizer alguma coisa, imaginei que fosse algo do tipo: " Você deveria se arrumar melhor para o trabalho já que lida com pessoas, seria melhor vir mais apresentável". Ele andou até a porta, parou, então se virou para mim e disse: " Não sei como dizer isso, mas... Você aceita sai comigo depois do trabalho para tomar um café?  Você é tão linda" Eu sorri e pensei se eu era "tão linda" mesmo, pois o espelho me dizia o contrário naquela manhã, mas fiquei feliz em receber um elogio que me pareceria sincero; então respondi: " Claro!"